Na verdade, somos todos um bocadinho assim

Há um ano atrás parecia tudo muito mais fácil, aos poucos as coisas foram-se complicando e a vida começou a exigir mais de mim, tive de aprender a ser racional, a pensar com a minha cabeça. Deixei de achar que os problemas podiam ser resolvidos com o tempo e até que acabavam por passar, mas não é bem assim. Cada vez mais adiamos o que é inevitável, o que mais tarde ou mais cedo acaba por acontecer, adiámos para não sofrer já, mas acabamos sempre da mesma forma. Há coisas que já estão no destino, que se cumprem de uma maneira ou de outra. Mas mesmo sabendo que nos estamos a mutilar a nós próprios insistimos em continuar, continuámos a sonhar e a planear, no fundo sou assim, fraca e sonhadora. Encanto-me com pouco e lanço grandes expectativas, não sei bem se é uma qualidade ou um defeito, sei que neste momento me faz mal. Há problemas que ficam em nós o tempo que for preciso até os decidirmos resolver, umas vezes fingimos que os chegamos a resolver, mas é mentira, tentamos enganarmos-nos a nós próprios mais uma vez , enterramos o assunto e lançamos-lhe areia para cima como se ele não viesse mais á superfície, mas num dia qualquer, numa hora qualquer quando nós menos esperamos lá está ele como uma pedra no nosso caminho, mesmo ali na superfície por onde nós íamos a passar. Afinal ele não ficou resolvido, nem vai ficar até decidirmos meter mãos ao trabalho, e fazer os possíveis para que seja menos um, temos de sofrer, de chorar e encarar as coisas de frente e de batalhar, custa, custa muito mas só assim nos livramos deles. Não sei se algum dia terei força para o olhar de frente e resolver tudo de uma vez por todas.